O estado do Rio Grande do Sul é o principal produtor de arroz do Brasil, e a casca de arroz é o principal subproduto dessa produção chegando 23% do peso final. Devido à grande quantidade de sílica presente nessa, ela não pode ser comercializada para a produção de ração animal, uma vez que este resíduo gerado não possui uma destinação adequada. Este problema impacta diretamente o meio ambiente, uma vez que a casca de arroz possui uma decomposição lenta, deixando de agregar valor econômico ao produto e desestimulando a economia do estado e do país. O mesmo, além disso, possui alto poder calorífico, podendo pegar fogo quando exposto ao meio ambiente com temperaturas elevadas, causando assim, perigo imediato a saúde humana. Uma alternativa para solucionar/evitar este problema pode ser a utilização da cinza de casca de arroz (CCA) obtida através de pirólise. A CCA representa um potencial particulado para utilização na técnica de aspersão térmica por plasma spray com intuito de tornar a superfície do material (substrato) resistente a corrosão e/ou ao desgaste. Vários estudos têm sido realizados no âmbito da criação de metodologia para pirólise da casca de arroz e posterior caracterização dos produtos resultantes. Neste processo, obtêm-se três produtos de bio-óleo, gás e CCA (alto teor de sílica e carbono). A CCA pode conter mais de 60% de sílica (SiO2), (podendo chegar a 98% conforme a temperatura na pirólise) sendo assim uma matéria-prima economicamente viável para a produção de silicatos e materiais de silício. Estudos apontam que o custo da corrosão no Brasil pode ser da ordem de US$ 15 bilhões. Com o investimento em medidas preventivas contra a corrosão poderiam ser economizados cerca de 1% do PIB brasileiro anualmente. Diante desse cenário, verifica-se a necessidade do desenvolvimento de processos de deposição de revestimentos que possibilitem um melhor tratamento de superfícies que estejam expostas a ambientes agressivos. A aplicação de revestimentos por aspersão térmica por plasma spray utilizando cinzas de casca de arroz sobre substrato de aço carbono tem sido proposta como alternativas aos processos de revestimento tradicionais de proteção a corrosão.
Equipe: Henara Lillian Costa (coordenadora); Sérgio da Silva Cava (UFPel); Marcelo Gautério Fonseca; Leandro Macedo Cozza; Francielle Castro Dias